Vacinas em gestantes: quais são as indicadas e quando tomar
Entenda como elas protegem a saúde do recém-nascido nos seus primeiros meses de vida
A gestação é uma fase de cuidado e planejamento. E as vacinas para gestantes podem ser consideradas um ato de amor duplo. Isso porque protegem a saúde da mãe e a do bebê, que recebe seus primeiros anticorpos ainda dentro do útero.
A vacina contra o VSR, por exemplo, já mostra resultados importantes. Estudos apontam uma eficácia de quase 82% contra casos graves da doença em bebês nos primeiros meses de vida.
Conheça a seguir quais vacinas tomar, quando e por quê elas são essenciais, tudo de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Por que as vacinas para gestantes são importantes?
As vacinas para gestantes são importantes porque protegem duas vidas ao mesmo tempo. Elas fortalecem o sistema imunológico da mãe contra diversas doenças – e essa proteção é passada para o bebê através da placenta.
Os anticorpos maternos são a primeira linha de defesa do recém-nascido. Eles o protegem durante seus primeiros e mais vulneráveis meses de vida. Nesse período, o bebê ainda não pode receber a maioria das vacinas. Portanto, vacinar a mãe é uma forma de garantir essa imunidade inicial.
Quais vacinas as gestantes devem tomar?
O calendário nacional de vacinação do Ministério da Saúde define as seguintes vacinas como essenciais:
- Dupla adulto (dT)
- Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa)
- Hepatite B
- Influenza (gripe)
- Covid-19
Além disso, recentemente, uma nova vacina entrou para as opções de cuidado. É a vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que protege o bebê da bronquiolite.
Vacina dupla adulto (dT)
A vacina dT protege contra o tétano e a difteria. O tétano neonatal é uma doença grave e que pode ser fatal para o recém-nascido. E a vacinação da mãe é a principal forma de prevenção.
A recomendação em relação a dT depende do histórico da gestante. Se ela está com a vacinação em dia, pode não precisar de uma nova dose. Caso contrário, o médico indicará o esquema de até três doses para garantir a proteção completa.
Vacina dTpa
A vacina dTpa protege contra difteria, tétano e coqueluche. A coqueluche é uma doença respiratória muito perigosa para bebês com menos de um ano.
Toda gestante deve receber uma dose da vacina dTpa a cada gravidez. A aplicação deve acontecer a partir da 20ª semana de gestação, o que garante maior transferência de anticorpos para o feto, que já nasce protegido.
Vacina hepatite B
A hepatite B é uma infecção que pode ser grave e que acomete o fígado, e que pode ser transmitida da mãe para o bebê durante o parto. O esquema completo prevê três doses.
Se a mulher ainda não foi vacinada ou não completou as doses, ela pode e deve iniciar ou completar a vacinação durante a gravidez. Não há risco para o bebê.
Vacina influenza (gripe)
A gravidez é um fator de risco para complicações da gripe e a gestante pode precisar ser hospitalizada. Por isso, a vacina influenza é recomendada a toda gestante durante o período de circulação mais intensa do vírus influenza, ou seja, outono e inverno. Ao se vacinar, a mãe se protege e passa anticorpos para o bebê.
Vacina Covid-19
A Covid-19 aumenta o risco de complicações graves tanto para a mãe quanto para o bebê. E a vacina reduz muito esse perigo. A mulher deve conversar com seu médico para seguir o calendário de acordo com as orientações vigentes.
Atualmente a vacina COVID-19 é recomendada em qualquer período da gestação para todas as mulheres e independente de doses prévias.
É importante lembrar que a vacina COVID-19 só está disponível no SUS.
Vacina VSR
A Vacina VSR para gestantes protege o bebê contra infecções causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), o principal causador de bronquiolite e pneumonia em crianças pequenas.
A vacina, de nome comercial Abrysvo®, é aplicada em dose única na mãe. O ideal é que aconteça entre a 28ª e a 36ª semana de gestação. Os anticorpos produzidos pela mãe chegam ao feto e o mantêm protegido até os seis meses de idade.
Vacinas recomendadas em situações especiais
Algumas vacinas não fazem parte da rotina, mas são indicadas em situações de risco. A decisão de aplicá-las depende da saúde da gestante, da região onde ela vive ou de surtos de doenças. A recomendação deve ser sempre avaliada por um médico.
Alguns exemplos incluem:
- Hepatite A: indicada em caso de surtos ou para mulheres com risco aumentado de contrair a doença.
- Febre amarela: geralmente contraindicada. Porém, se a gestante vive ou vai viajar para uma área de risco, o médico pode recomendar, pois o risco da doença supera o risco da vacina.
- Pneumocócica e Meningocócica: podem ser recomendadas para gestantes com doenças crônicas específicas que aumentam o risco de infecções graves.
As vacinas são seguras?
Sim, as vacinas recomendadas durante a gravidez são muito seguras. Aquelas recomendadas rotineiramente são feitas com vírus inativados ou apenas com partículas de agentes infecciosos. Isso significa que elas não podem causar a doença na mãe ou no bebê.
Os benefícios da vacinação superam em muito os riscos. As reações adversas geralmente são leves e passageiras, sendo as mais comuns a dor no local da aplicação, dor de cabeça ou febre baixa. Reações alérgicas graves são extremamente raras.
Vacinas contraindicadas para grávidas
Algumas vacinas são contraindicadas na gravidez. A principal razão é que elas são produzidas com vírus vivos atenuados. E, embora sejam seguros para a maioria das pessoas, há um risco teórico de que possam afetar o feto.
As principais vacinas que devem ser evitadas na gestação são:
- Tríplice viral (SCR): protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
- Varicela (catapora): previne a catapora.
- HPV: a vacinação deve ser feita antes da gestação. Se a mulher engravidar durante o esquema, deve interrompê-lo e retomar após o parto.
- Dengue.
- Febre amarela (a não ser que a gestante vá para área de risco e discuta com seu obstetra se os benefícios superam os riscos).
Cuidado e prevenção além das vacinas
A proteção da sua saúde e a do seu bebê vai além da vacinação. Adotar uma rotina de cuidados e realizar o acompanhamento médico são atitudes essenciais durante toda a gestação e que podem identificar alguma necessidade especial com antecedência.
O pilar para uma gravidez tranquila e segura é o acompanhamento pré-natal. Ele deve começar assim que o teste para a gravidez for positivo. Nessas consultas regulares, o médico monitora a saúde da mãe e o desenvolvimento do feto.
Também são realizados exames de sangue e de imagem fundamentais, como o ultrassom. A frequência dos encontros aumenta conforme a gravidez avança, tornando-se semanal na reta final.
A alimentação é outro ponto importante. Uma dieta equilibrada fornece os nutrientes necessários para o bebê, como ferro e ácido fólico. Além disso, os obstetras costumam indicar que carnes e ovos crus, além de laticínios não pasteurizados e certos tipos de peixes fiquem fora do cardápio.
Manter o corpo em movimento sempre faz bem, desde que com orientação médica. Atividades de baixo impacto, como caminhada, ioga para gestantes ou natação, ajudam a controlar o peso e podem dar mais disposição para a gestante.
Além disso, vale cuidar do sono e do equilíbrio emocional, buscando uma rede de apoio sempre que necessário.
Por fim, existem algumas restrições importantes para a segurança do bebê. É preciso evitar completamente o consumo de bebidas alcoólicas e o cigarro. E nenhum medicamento deve ser tomado sem prescrição médica.
Produtos químicos, como tinturas de cabelo com amônia, também devem ser evitados, principalmente no primeiro trimestre da gestação.
Fonte: Dra. Maria Isabel de Moraes Pinto – Infectopediatra