Tipos de dor de cabeça: entenda quais são e como chegar ao diagnóstico
Dor de cabeça é um dos sintomas mais comuns hoje em dia, difícil encontrar alguém que nunca tenha sentido. E saber diferenciar os tipos de dor de cabeça é o primeiro passo para o tratamento correto. Siga e leitura e saiba identificar os sinais e padrões de cada tipo para, enfim, encontrar o alívio para o seu quadro.
Quais são os tipos de dor de cabeça?
As dores de cabeça podem surgir por diversos motivos e existem mais de 150 tipos diferentes, classificados pela International Headache Society (IHS). Elas são geralmente divididas em primárias (a dor de cabeça é a condição principal) e secundárias (são sintomas de outra doença). A seguir, abordamos alguns dos tipos primários mais comuns: enxaqueca, dor de cabeça tensional, cefaleia em salvas e cefaleia crônica.
Enxaqueca
A enxaqueca é um tipo de dor pulsante, muitas vezes descrita como latejante, que pode durar geralmente de quatro horas a três dias se não tratada. Geralmente, ocorre de um lado da cabeça (embora possa ser bilateral) e é moderada a severa em intensidade.
Sintomas comuns que frequentemente acompanham esse tipo de dor são sensibilidade aumentada à luz (fotofobia), a sons (fonofobia) e, às vezes, náusea e vômito.
Em cerca de 20% a 25% dos casos, a enxaqueca pode ser precedida por uma ‘aura’, que são sintomas neurológicos transitórios, mais frequentemente visuais. São como pontos brilhantes, linhas em zigue-zague ou perda parcial da visão. Mas também podem ser sensitivos (formigamento) ou de fala.
A enxaqueca é considerada uma condição neurológica complexa e pode ser desencadeada por diversos fatores, como estresse, alterações hormonais (em mulheres), o consumo de certos alimentos, privação de sono ou até mesmo mudança de clima.
Dor de cabeça tensional
É o tipo mais prevalente na população e, como diz o nome, vem da tensão prolongada da musculatura cervical e ao redor do crânio. Ela se parece com uma faixa apertando a cabeça ou uma pressão constante (mas sem ser pulsátil).
Esse tipo de dor costuma surgir depois de um dia estressante, períodos de fadiga, má postura, tensão muscular no pescoço e ombros ou esforço visual prolongado.
A dor de cabeça tensional costuma ser leve a moderada em intensidade e frequentemente afeta ambos os lados da cabeça (bilateral). Em geral, ela não vem acompanhada de náusea ou vômito, embora possa haver leve sensibilidade à luz ou a sons.
Cefaleia em salvas
Menos comum, a cefaleia em salvas é conhecida pela dor muito forte, unilateral, pulsante e localizada tipicamente ao redor ou atrás de um olho. É tão intensa que alguns a chamam de “dor de cabeça suicida”. Os episódios de dor são curtos (geralmente de 15 minutos a 3 horas), mas ocorrem em “salvas” ou crises, períodos que podem durar semanas ou meses, seguidos por períodos de remissão sem dor.
Durante a crise, do mesmo lado da dor, são comuns sintomas como olho vermelho e lacrimejante, pálpebra caída (ptose), pupila contraída (miose), congestão nasal ou coriza e sudorese facial.
É mais frequente em homens entre 20 e 40 anos e frequentemente ocorre em horários específicos do dia, inclusive acordando a pessoa durante o sono.
Cefaleia Crônica
Esta classificação refere-se à frequência da dor, não a um tipo específico. Uma dor de cabeça é considerada crônica quando ocorre em 15 ou mais dias no mês, por pelo menos três meses. Diversos tipos de dor de cabeça podem se tornar crônicos, sendo os mais comuns a enxaqueca e a cefaleia tensional.
Um fator que contribui para a cronificação de uma dor é o uso frequente de analgésicos para tratar dores de cabeça episódicas – o que, paradoxalmente, acaba levando a dores mais frequentes e difíceis de tratar. Fatores como estresse, problemas de sono, obesidade e uso excessivo de medicamentos podem contribuir para o desenvolvimento da cefaleia crônica.
Dor de cabeça constante é preocupante?
Sim, uma dor de cabeça persistente ou que muda de padrão pode ser um sinal de alerta e deve ser investigada. Embora a grande maioria das dores de cabeça crônicas seja primária, é preciso descartar causas secundárias, que podem ser graves. São sinais de alerta:
- Início súbito e muito intenso (“a pior dor de cabeça da vida”).
- Dor de cabeça que piora progressivamente ao longo do tempo.
- Dor de cabeça associada a febre, rigidez de nuca (sugerindo meningite), alterações visuais súbitas, fraqueza em um lado do corpo, dificuldade de fala ou outros sintomas neurológicos.
- Dor de cabeça que piora com tosse, esforço ou mudanças de posição.
- Uma dor de cabeça nova em pessoas com histórico de câncer, problemas no sistema imunológico (como HIV) ou com mais de 50 anos.
Além disso, qualquer tipo de dor de cabeça que não melhora com tratamento convencional, deve ser investigada. Ela pode estar ligada a condições como gripe, sinusite, problemas de visão. Ou ainda a problemas mais graves, como meningite, hemorragias cerebrais, tumores ou arterite temporal, caso haja sintomas associados.
Dor de cabeça na nuca
Essa dor geralmente está ligada à tensão muscular nos músculos do pescoço e ombros, e frequentemente associada à má postura, estresse ou fadiga. Pode inclusive ser um sintoma da cefaleia tensional.
No entanto, a dor na nuca também pode indicar outras condições, como a cefaleia cervicogênica (originada de estruturas ósseas ou musculares do pescoço) ou problemas na coluna cervical. Em casos mais raros e graves, pode estar associada a picos de pressão arterial muito elevados ou outras condições intracranianas.
Se a dor na nuca for súbita, intensa, acompanhada de rigidez de nuca ou outros sintomas neurológicos, procure atendimento médico imediatamente.
Dor de cabeça na testa
A dor localizada na testa é muito comum e frequentemente associada à cefaleia tensional, descrita como uma pressão ou aperto na região frontal. Mas outras causas comuns incluem problemas nos seios paranasais (sinusite), que geralmente vêm acompanhados de congestão nasal e secreção, ou problemas de visão e esforço ocular.
Qual médico procurar?
Para dores de cabeça frequentes, intensas, com sintomas associados ou que não respondem ao tratamento inicial, o neurologista é o profissional mais indicado. Ele é o especialista no diagnóstico e tratamento das diversas formas de cefaleia, incluindo as primárias e secundárias.
Um clínico geral ou médico da família também pode fazer a avaliação inicial e, se necessário, encaminhar ao especialista. É importante descrever ao médico as características da dor (localização, intensidade, tipo, duração, frequência, fatores desencadeantes e de alívio, sintomas associados).
Nas situações descritas acima de alarme, o médico da emergência deve ser o profissional a ser consultado.
Exames para quem tem dor de cabeça
Na maioria dos casos de dores de cabeça primárias típicas (como cefaleia tensional episódica ou enxaqueca sem sinais de alerta), exames de imagem não são necessários. O diagnóstico é clínico, baseado na história detalhada do paciente e no exame físico neurológico.
No entanto, se o médico suspeitar de uma causa secundária ou houver sintomas preocupantes, ele pode solicitar exames complementares para investigar a estrutura do cérebro e dos vasos sanguíneos ou descartar infecções e inflamações. Os exames mais comuns são:
- Ressonância Magnética (RM) do crânio: exame de imagem detalhado que pode detectar tumores, aneurismas, malformações vasculares, esclerose múltipla e outras condições estruturais no cérebro.
- Tomografia Computadorizada (TC) do crânio: frequentemente usada em situações de emergência para descartar sangramentos (hemorragias) ou grandes lesões.
- Exames de sangue: úteis para investigar infecções, inflamações (como arterite temporal em idosos) ou outras condições sistêmicas.
- Punção lombar (coleta de líquor): realizada para analisar o líquido cefalorraquidiano e diagnosticar infecções (meningite, encefalite) ou outras condições inflamatórias ou autoimunes.
- Avaliação neurológica completa: inclui testes de reflexos, força, coordenação, sensibilidade e funções cognitivas para identificar quaisquer déficits que possam sugerir uma causa secundária.
Fonte: Dr. Diogo Haddad, Neurologista e Dr. Nelson Fortes, Neurorradiologista