Níveis de autismo: saiba quais são e a mudança de termo
O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um termo “guarda-chuva” que se refere a condições de neurodesenvolvimento com impacto principalmente no âmbito da comunicação, do comportamento e da interação social.
Como o TEA se manifesta de diversas formas, existem níveis de autismo – sendo essa uma classificação que ajuda a distinguir os quadros e a melhorar a assistência oferecida a cada indivíduo.
Características de pessoas com autismo
Pessoas com autismo apresentam características variadas (afinal, como o próprio termo “TEA” revela, trata-se de um espectro).
Mas há aspectos em comum: os indivíduos têm dificuldade para se comunicar e interagir socialmente, além de seus padrões de comportamento serem restritos e repetitivos. Entre alguns possíveis sinais de TEA, estão:
- Pouco ou nenhum contato visual;
- Atraso na fala ou ausência de desenvolvimento da linguagem verbal;
- Uso literal da linguagem, com dificuldade em entender ironias, metáforas ou nuances sociais;
- Dificuldade em iniciar, manter ou entender relacionamentos sociais;
- Preferência por brincar sozinho ou dificuldade em compartilhar interesses e brincadeiras com outras crianças;
- Dificuldade em participar de conversas ou em seguir o fluxo de uma interação social;
- Movimentos corporais repetitivos, como balançar o corpo, as mãos ou girar objetos;
- Interesses intensos e focados em temas específicos, às vezes de forma obsessiva;
- Apego excessivo a rotinas e rituais, com grande desconforto diante de mudanças.
Essas manifestações podem aparecer com maior ou menor intensidade e combinadas de diferentes formas, fazendo com que cada pessoa com autismo tenha características particulares e dificuldades específicas.
Graus de autismo ou níveis de autismo? Saiba qual termo usar
Embora ainda se ouça falar em graus de autismo (leve, moderado e severo), esses termos vêm sendo substituídos por uma forma mais atual de entender o espectro do autismo.
Atualmente, utiliza-se a ideia de níveis de suporte no autismo, que variam conforme a necessidade de apoio que o indivíduo requer – alguns requerem pouco suporte, enquanto outros precisam de suporte mais substancial.
Qual a diferença entre os níveis de autismo?
O nível de suporte no autismo indica, de forma geral, a intensidade do apoio que um indivíduo com transtorno do espectro do autismo necessita para o desenvolvimento de suas atividades diárias.
O nível 1 está associado a uma baixa necessidade de suporte. Já o nível 2 exige um suporte substancial. Por fim, o nível 3 corresponde a uma demanda de suporte muito substancial.
Níveis de autismo
São três os níveis de autismo, divididos de acordo com a necessidade de suporte do indivíduo:
Autismo de nível 1
No nível 1, identifica-se necessidade de suporte em menor intensidade. Em geral, os indivíduos podem ter dificuldade para interpretar sinais sociais, adaptar-se a mudanças e organizar suas rotinas – demandando um certo apoio quanto a esses aspectos.
Mesmo com mais autonomia em algumas tarefas, a pessoa com autismo de suporte 1 ainda enfrenta impactos no dia a dia. Esta pessoa não é “menos” autista do que alguém de nível de suporte 2 ou 3.
Autismo de nível 2
No nível 2, há necessidade de suporte substancial. As pessoas apresentam maior dificuldade para começar ou manter interações sociais devido ao déficit na comunicação verbal e não verbal, além de terem interesses muito restritos e comportamentos repetitivos com mais frequência.
Autismo de nível 3
No nível 3, há necessidade de suporte muito substancial, pois são significativamente maiores as dificuldades para lidar com mudanças, se comunicar e interagir socialmente e realizar atividades cotidianas.
Como saber o nível de autismo?
O diagnóstico de TEA é clínico, bem como a indicação do nível de autismo.
O processo costuma ser detalhado, envolvendo a observação do comportamento da pessoa em diversos contextos, além das entrevistas com pais ou responsáveis e com o próprio indivíduo.
É comum que tal avaliação seja feita com o auxílio de escalas e questionários padronizados, voltados especificamente para a investigação de TEA.
Entre os profissionais que geralmente contribuem para o diagnóstico do transtorno do espectro do autismo, estão: médicos (como pediatras, neurologistas e psiquiatras), psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.
Esses especialistas analisam o histórico de desenvolvimento do indivíduo, as habilidades de comunicação e interação social e a presença de comportamentos restritivos e repetitivos.
Apesar de não haver exames específicos capazes de, isoladamente, confirmar ou excluir o diagnóstico, alguns podem ser úteis na investigação.
É o caso do CGH array, um exame genético feito a partir de coleta de sangue ou swab bucal que pode contribuir para um diagnóstico mais assertivo e para intervenções de suporte mais adequadas.
Tratamento para autismo
O tratamento para o transtorno do espectro do autismo tem o objetivo de ajudar a pessoa a desenvolver habilidades, superar desafios e melhorar sua qualidade de vida.
Para isso, é fundamental contar com uma equipe de profissionais de diferentes áreas, como médicos neuropediatras, psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, dentre outros.
Eles trabalham juntos para apoiar o desenvolvimento e a autonomia da pessoa com TEA e ofertar orientações e suporte aos pais e responsáveis.
Há várias maneiras de oferecer apoio e assistência a pessoas com TEA. Podem ser indicadas, por exemplo, algumas das 28 práticas baseadas em evidências para TEA (NCAEP, 2020).
A maioria dessas intervenções é fundamentada nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada (ABA). A seguir são descritas algumas das práticas para o tratamento do TEA:
- Terapia ABA ou Terapia Comportamental: as terapias baseadas na ciência ABA apresentam evidências científicas que comprovam seus benefícios para o desenvolvimento de pessoas com TEA. É uma das intervenções que ajuda a desenvolver novas habilidades, reduzir comportamentos desafiadores e melhorar a comunicação e a interação social.
- Intervenções naturalísticas: as intervenções são realizadas com base na motivação da criança ou da pessoa com autismo, buscando promover o aprendizado e desenvolvimento por meio de atividades que sejam naturalmente reforçadoras para ela. São práticas baseadas em ABA. Denver é um modelo de intervenção precoce, para bebês e crianças pequenas e uma marca muito reconhecida nos ensinos naturalísticos.
- Integração Sensorial: trabalha a capacidade da pessoa de organizar e dar sentido às informações sensoriais — como sons, imagens, toques, movimentos e equilíbrio. Utiliza atividades personalizadas que estimulam os sentidos, o movimento e a coordenação, ajudando a pessoa a se organizar melhor no tempo e no espaço. É realizada por terapeutas ocupacionais treinados e ocorre principalmente em contextos clínicos.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): é uma abordagem que auxilia a pessoa a entender como seus pensamentos e crenças influenciam seus sentimentos e comportamentos. Na TCC, a pessoa aprende a observar o que está pensando e sentindo, e depois usa estratégias práticas, passo a passo, para mudar esses pensamentos e comportamentos, desenvolvendo mais consciência sobre si mesma.
- Intervenção Implementada por Pais: os profissionais orientam e ensinam os pais a aplicarem estratégias de intervenção com seus filhos, ajudando no desenvolvimento de habilidades como comunicação, brincadeiras, autocuidado e interação social, além de lidar com comportamentos desafiadores.
Cabe mencionar ainda que, muitas vezes, pessoas com autismo podem ter também outras condições – a exemplo de deficiência intelectual, ansiedade, depressão e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Por isso, é importante contar com o acompanhamento médico.
Espaço TEA Alta: acompanhamento especializado
O Espaço TEA fica localizado na unidade Alta Panamby, em São Paulo, e é destinado ao atendimento de crianças e adolescentes entre 0 e 17 anos.
O propósito é fornecer um acompanhamento individualizado com o envolvimento ativo da família, assim potencializando as capacidades de cada criança e adolescente com TEA e promovendo autonomia, inclusão social e qualidade de vida.
O Alta Diagnósticos conta com equipes multidisciplinares compostas por médicos neuropediatras, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicopedagogos, psicomotricistas, nutricionistas e enfermeiros.
Tais profissionais são devidamente capacitados para atuar desde o processo diagnóstico de TEA até o desenvolvimento das terapias necessárias.
Primeiro, os especialistas identificam as características do TEA com precisão. Em seguida, avaliam o nível de suporte necessário.
A partir disso, são elaborados planos terapêuticos individualizados, cuidadosamente alinhados às particularidades de cada criança ou adolescente.
Há também uma reavaliação periódica, que permite mensurar o progresso da criança ou do adolescente e atualizar regularmente o plano terapêutico com práticas baseadas em evidências.
Além disso, as equipes oferecem orientação e apoio aos pais e familiares, auxiliando-os na compreensão do TEA e na criação de um ambiente familiar acolhedor e estimulante.
O Espaço TEA Alta dispõe ainda de uma área reservada e confortável para que os pais e responsáveis possam realizar suas atividades de home office enquanto as crianças participam das sessões terapêuticas.
Abaixo, veja mais sobre as intervenções realizadas pelos profissionais do Espaço TEA do Alta:
Psicologia
Desempenha um papel fundamental no acompanhamento de pessoas com TEA e seus familiares.
Psicólogos atuam com Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), dentre outras abordagens para desenvolver habilidades comportamentais, sociais, emocionais e cognitivas em pessoas com TEA, além de auxiliar promoção da qualidade de vida.
O Alta conta também com os psicólogos especialistas em Psicopedagogia que atuam em ambiente clínico.
Fonoaudiologia
Foca no desenvolvimento da linguagem. Trabalha a comunicação verbal e não verbal, ajudando na compreensão e expressão. Trabalha também com a prática baseada em evidências chamada Comunicação Alternativa e Aumentativa.
Terapia ocupacional
Trabalha estratégias para auxiliar no processamento e integração das informações sensoriais do corpo e ambiente e oferta suporte no desenvolvimento da autonomia em atividades de vida diária (como se vestir, comer e fazer a higiene pessoal).
Fisioterapia
Proporciona desenvolvimento motor, a reabilitação através de exercício e movimento. Auxilia no desenvolvimento das habilidades motoras de pessoas com autismo, especialmente na coordenação motora fina e grossa, que são importantes para atividades do dia a dia, como escrever, correr ou se equilibrar.
Agende uma consulta
Para esclarecer dúvidas e agendar uma consulta de acolhimento e avaliação no Espaço TEA do Alta, basta entrar em contato pelo telefone: 0800 591 3823 ou pelo WhatsApp (011) 94199-2630.
Fonte: Fabiane Minozzo – Psicóloga