Mola Hidatiforme: O que é, Riscos, Sintomas e Tratamentos
A mola hidatiforme, também chamada de gravidez molar, é uma situação rara que ocorre durante a gestação. A complicação ocorre em aproximadamente em uma a cada 1.000 gestações. Continue a leitura para conhecer as causas, sintomas e as opções de tratamento para o quadro.
O que é mola hidatiforme?
A mola hidatiforme, também conhecida como gravidez molar, é uma condição rara que ocorre quando o tecido que normalmente se transforma em placenta cresce de forma anormal no útero, formando uma massa benigna. Isso acontece porque há um erro na fertilização do óvulo. De acordo com o cariótipo formado, pode ser classificada em mola completa ou mola parcial.
Tipos de mola hidatiforme
A mola hidatiforme pode ser de dois tipos principais:
Mola hidatiforme completa
A duplicação ocorre em um oócito (célula reprodutiva feminina) desprovido de carga genética materna, que é fecundado por um espermatozoide. Todo o material genético é de origem paterna.
Nesse caso, a hiperplasia cística da placenta caracteriza-se pelo aumento do tamanho da placenta, com áreas císticas que apresentam um aspecto semelhante a um cacho de uva, sem a presença de partes fetais.
Mola hidatiforme parcial
O oócito (célula reprodutiva feminina) desprovido de material genético pode ser fecundado por dois espermatozoides ou por um único espermatozoide com DNA duplicado, originando um embrião triplóide (com três conjuntos de cromossomos), que apresenta malformações e não é viável.
A hiperplasia cística da placenta é menos severa do que na mola completa, podendo conter um feto ou partes fetais.
Causas da mola hidatiforme
As causas da mola hidatiforme estão relacionadas a anomalias genéticas e a alguns fatores de risco, sendo que aqueles bem estabelecidos são idade materna avançada e história de gestação molar anterior.
Mas há vários estudos que apontam outros fatores de risco relacionados como: idade materna jovem (menos de 20 anos), tabagismo, uso de anticoncepcional oral, dispositivo intrauterino, dieta pobre em proteínas, vitaminas e ácido fólico.
Sintomas de mola hidatiforme
Os sintomas da mola hidatiforme são sangramentos vaginais anormais no início da gestação, náuseas e vômitos intensos, além de um crescimento acelerado do útero. Também é frequente a ausência de movimentos fetais, pois o feto não se desenvolve de maneira adequada.
Diagnóstico e exames para mola hidatiforme
O diagnóstico da mola hidatiforme em geral ocorre no 1° trimestre da gestação. Além de uma anamnese adequada e exame físico, exames complementares são essenciais. Entre eles, temos a dosagem de beta hCG (gonadotrofina coriônica humana) que mostraria níveis muito elevados, não compatíveis com a idade gestacional (acima de 100.000UI/L).
O ultrassom transvaginal é um exame fundamental, pois permite visualizar o tecido molar intraútero, que pode se apresentar como cistos ou massas placentárias hidrópicas com ou sem a presença de embrião/feto.
O útero geralmente está aumentado de volume para a idade gestacional e os ovários podem conter vários cistos. Na mola parcial (com presença de feto), além das alterações placentárias, o feto apresenta malformações.
Atualmente, com o avanço da definição de imagem por ultrassonografia, a doença pode ser diagnosticada precocemente, ainda em pacientes assintomáticas, evitando a progressão dos sintomas, que muitas vezes são mais intensos do que em uma gestação normal, além de reduzir o risco de complicações.
Tratamentos para mola hidatiforme
O tratamento da mola hidatiforme consiste na remoção do material uterino, preferencialmente por vácuo-aspiração, em centros de referência.
O acompanhamento é feito por meio do monitoramento semanal dos níveis de hCG, com o objetivo de identificar qualquer possibilidade de progressão para neoplasia trofoblástica gestacional, caso em que a quimioterapia se torna necessária.
Durante o período de acompanhamento, é fundamental adotar um método contraceptivo eficaz, pois uma nova gestação poderia dificultar a distinção entre o aumento dos níveis de β-hCG decorrente de uma gravidez inicial e a progressão da doença.
Como prevenir a mola hidatiforme
Embora a mola hidatiforme não possa ser totalmente prevenida, sabe-se que a gravidez em mulheres muito jovens (abaixo de 20 anos) ou em mais velhas (acima de 35 anos) pode aumentar o risco, o que torna essencial o acompanhamento médico regular, principalmente quando existirem outros fatores de risco associados.
Além disso, mulheres com histórico de mola hidatiforme em gestações anteriores devem seguir um acompanhamento médico mais rigoroso durante a gestação.
Prognóstico e acompanhamento após o tratamento
Pacientes que tiveram uma gestação molar têm uma chance de 98–99% de ter uma gestação normal no futuro. No entanto, existe um risco de 1–2% de desenvolver uma nova gravidez molar.
Em caso de uma nova gestação, além da dosagem de β-hCG, é essencial realizar um ultrassom transvaginal no primeiro trimestre, com atenção a sinais sugestivos da doença para um diagnóstico precoce.
Mesmo após uma gestação normal, recomenda-se a dosagem de β-hCG entre 40 e 50 dias após o parto, a fim de excluir a possibilidade de neoplasia trofoblástica gestacional.
Com o tratamento adequado, a maioria das mulheres se recupera de forma completa e pode ter gestações futuras sem complicações.
Qual especialista procurar?
O especialista indicado para diagnóstico e tratamento da mola hidatiforme é o ginecologista obstetra.
Caso ocorram complicações, como mola invasiva ou neoplasia trofoblástica (coriocarcinoma), o oncologista deve ser consultado para o tratamento com quimioterapia ou outras abordagens adequadas.
Além disso, após o tratamento, é recomendável buscar o apoio emocional de um psicólogo para lidar com os aspectos emocionais e psicológicos relacionados à mola hidatiforme.
Fonte: Dra. Therezinha Cristina Alcântara de Almeida Teixeira – Ultrassonografista