Mielomeningocele: entenda as causas dessa malformação congênita
A mielomeningocele é uma das formas mais graves de espinha bífida, uma malformação congênita que afeta o desenvolvimento do tubo neural do feto. No Brasil, estima-se que ocorram 2,42 casos a cada 10 mil nascimentos. Dados da Associação Brasileira de Espinha Bífida (Abrasse) indicam ainda que nascem em média 750 bebês por ano com a condição no País.
O problema não tem cura e pode resultar em complicações motoras, sensoriais e neurológicas, exigindo acompanhamento especializado e multidisciplinar ao longo da vida.
O que é mielomeningocele?
A mielomeningocele é o tipo mais grave de espinha bífida e consiste em uma malformação congênita da coluna vertebral, impedindo seu fechamento ainda na barriga da mãe.
O resultado é que meninges, a medula e as raízes nervosas ficam expostas, comprometendo o desenvolvimento do bebê e diversas funções corporais.
Vale lembrar que a mielomeningocele é diferente da meningocele, uma forma mais branda de espinha bífida, em que apenas as meninges se projetam para fora da coluna, sem comprometimento da medula espinhal.
Tipos de Mielomeningocele
A mielomeningocele pode ocorrer em diferentes níveis da coluna vertebral e provocar diferentes sequelas. Veja a seguir:
- Mielomeningocele cervical: localiza-se na região do pescoço e pode causar paralisia parcial ou total dos membros superiores e inferiores.
- Mielomeningocele torácica: comete a parte superior das costas e pode levar à fraqueza ou paralisia dos membros inferiores, além de complicações respiratórias.
- Mielomeningocele lombar: afeta a região lombar e pode comprometer o controle urinário e intestinal, além de causar dificuldades motoras nas pernas.
- Mielomeningocele sacral: localizada na base da coluna, pode causar alterações menores na mobilidade e no controle dos esfíncteres.
Mielomeningocele causas
Assim como nos outros tipos de espinha bífida, a causa exata da mielomeningocele ainda não é conhecida. Mas os médicos acreditam que alguns fatores podem influenciar, tais como:
- Deficiência de ácido fólico durante a gestação;
- Fatores genéticos, como histórico familiar de malformações do tubo neural;
- Uso de certos medicamentos durante a gravidez;
- Diabetes materno.
Mielomeningocele sequelas
As sequelas da mielomeningocele variam de acordo com o local da malformação na coluna vertebral e a extensão da lesão. As mais comuns incluem:
- Paralisia dos membros inferiores;
- Incontinência urinária e fecal;
- Perda de sensibilidade nas pernas e nos pés;
- Escoliose;
- Hidrocefalia;
- Comprometimento cognitivo.
Mielomeningocele tem cura?
Não, a mielomeningocele é uma condição que não tem cura. No entanto, a realização dos tratamentos e acompanhamento adequados pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Mielomeningocele tratamento
Atualmente, uma das formas mais avançadas de tratamento para a mielomeningocele é a cirurgia fetal, realizada com o bebê ainda no útero para fechar a abertura na coluna vertebral. Embora não seja uma forma de cura, é uma abordagem que melhora bastante a qualidade de vida do paciente após o nascimento.
Quando isso não é possível, a cirurgia pode ser feita logo após o nascimento, de acordo com a recomendação e orientação do médico responsável.
Outras medidas e terapias importantes para melhorar a qualidade de vida do indivíduo incluem:
- Acompanhamento neurológico para monitorar eventuais problemas cognitivos e hidrocefalia, por exemplo;
- Reabilitação: realização de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia auxiliam no desenvolvimento motor, da comunicação e na construção da autonomia do indivíduo;
- Acompanhamento urológico e gastrointestinal para lidar com a incontinência urinária e fecal;
- Apoio psicológico para o paciente e sua família, auxiliando na adaptação à condição e no enfrentamento dos desafios.
Qual médico procurar para mielomeningocele?
Neurocirurgião, neurologista pediátrico e outros especialistas em medicina fetal são profissionais que podem auxiliar no diagnóstico da condição e orientar sobre as melhores formas de tratamento após a avaliação do caso.
Como prevenir a mielomeningocele
A principal forma de reduzir o risco de problemas na formação do tubo neural do feto, incluindo a mielomeningocele, é fazer a suplementação de ácido fólico antes e durante a gestação.
O acompanhamento pré-natal, com exames como ultrassom obstétrico, o ultrassom morfológico, o ecocardiograma fetal e o exame genético NIPT (quando recomendado pelo médico), também é importante para detectar a condição precocemente e possibilitar a correção ainda no útero da mãe.
Fonte: Dr. Heron Werner – Especialista em medicina fetal