Lapso de memória: o que é, causas e quando procurar um médico
Esquecer onde colocou as chaves, qual o nome de alguém que acabou de conhecer, ou até mesmo o que ia buscar quando chegou na cozinha. Esse tipo de “branco”, ou seja, esquecimento rápido, é o que conhecemos como lapso de memória. Siga a leitura e conheça suas possíveis causas e quando procurar ajuda médica.
O que é lapso de memória?
Lapso de memória é aquela falha passageira na capacidade de lembrar eventos recentes ou informações cotidianas, sem que isso caracterize necessariamente uma doença. Esses “brancos” acontecem quando o cérebro recebe mais estímulos do que consegue processar ou quando há algum fator temporário que prejudica a retenção de dados.
Esse tipo de esquecimento é considerado normal e faz parte do funcionamento natural do nosso cérebro. É como se o osso cérebro, de certa forma, filtrasse o que ele considera mais importante para guardar.
O que pode causar lapsos de memória?
Os lapsos de memória podem ter diversas causas, e a maioria delas não tem nada a ver com doenças graves. Muitas vezes, são reflexo do nosso estilo de vida ou de situações que estamos vivendo. Vamos a alguns exemplos:
- Estresse crônico. Quando estamos sob pressão constante, nosso cérebro fica sobrecarregado, e isso pode dificultar a concentração e a capacidade de reter novas informações ou acessar as antigas. Além disso, altos níveis de cortisol prejudicam a formação de memórias de curto prazo.
- Sobrecarga e/ou ser “multitarefa” O excesso de tarefas e a dificuldade de focar em uma coisa por vez também contribuem para os lapsos. Quando tentamos fazer mil coisas ao mesmo tempo, nossa atenção se divide, e o cérebro não consegue processar e armazenar as informações de forma eficiente.
- Falta de sono de qualidade. É durante o sono que nosso cérebro consolida as memórias. Dormir pouco ou mal bagunça esse processo, tornando mais difícil lembrar das coisas no dia seguinte. Sabe aquela sensação de que a cabeça não funciona direito depois de uma noite mal dormida? Sim, a memória sofre com isso.
- Dieta pobre em nutrientes. Alguns deles são essenciais para o cérebro, como vitaminas do complexo B e ômega-3, e a carência deles pode impactar a função cognitiva, incluindo a memória. O cérebro precisa de “combustível” de qualidade para trabalhar bem.
- O uso de certos medicamentos, que pode ter como efeito colateral a dificuldade de memória ou a concentração. Se você começou a tomar um remédio novo e percebeu que seus esquecimentos aumentaram, vale a pena conversar com seu médico.
- Depressão e/ou ansiedade. Os quadros também podem afetar a memória e a concentração. A tristeza profunda, a falta de interesse e a fadiga mental características da depressão tornam mais difícil prestar atenção e, consequentemente, lembrar.
- Idade avançada. O envelhecimento traz redução na velocidade de processamento e retenção de informações, mas nem sempre indica doença.
Quando o lapso de memória é preocupante?
Esquecimentos isolados são parte do dia a dia. Mas tornam-se sinal de alerta quando:
- Começam a interferir na rotina profissional ou pessoal.
- Acontecem com frequência crescente e envolvem acontecimentos recentes. Por exemplo: esquecer compromissos importantes, ter dificuldade para realizar tarefas que antes eram simples e rotineiras (como cozinhar uma receita conhecida ou pagar contas), ou se perder em lugares familiares.
- Vêm acompanhados de outros sintomas, como dificuldade de linguagem ou desorientação. Por exemplo: não encontrar as palavras certas durante uma conversa ou repetir a mesma pergunta várias vezes em pouco tempo.
É importante observar a frequência e a intensidade dos esquecimentos. Se eles estão piorando com o tempo ou se surgiram de repente e de forma significativa, é aconselhável procurar ajuda médica.
Nem todo problema de memória significa Alzheimer – já que existem diversas causas tratáveis para o problema – mas, sim, ele pode estar atrelado a esse tipo de demência. Os sintomas de Alzheimer em estágio inicial podem ser sutis, como alguns lapsos de memória.
Vale lembrar que, geralmente, o Alzheimer geralmente envolve também outros problemas cognitivos, como dificuldade de raciocínio e resolução de problemas. Portanto, se você ou alguém que você conhece apresentar estes sintomas, não hesite em buscar avaliação médica.
Qual médico procurar?
No caso de problemas de memória, os profissionais mais indicados são o neurologista ou o psiquiatra. O neurologista é o especialista no sistema nervoso, incluindo o cérebro. Ele é o profissional mais indicado para investigar causas neurológicas para os problemas de memória, como doenças degenerativas (como Alzheimer), sequelas de AVC ou outras condições que afetam o funcionamento cerebral.
O psiquiatra, por sua vez, é o médico especialista em saúde mental. Ele pode ser procurado quando há suspeita de que os problemas de memória estejam relacionados a condições como depressão, ansiedade severa, estresse crônico ou outros transtornos psiquiátricos que podem impactar a função cognitiva.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico começa na consulta. O médico vai querer saber detalhes sobre os seus esquecimentos: quando começaram, com que frequência acontecem, que tipo de coisas você esquece, se eles atrapalham seu dia a dia, se há outros sintomas junto com os lapsos, seu histórico de saúde, medicamentos que você usa, seu estilo de vida, se há casos de problemas de memória na família, etc.
Além disso, o médico fará um exame físico geral e um exame neurológico básico para verificar reflexos, coordenação, equilíbrio e outras funções.
Exames de sangue podem ser solicitados para investigar causas tratáveis, como problemas na tireoide, deficiências de vitaminas (principalmente B12) ou infecções que podem afetar a função cerebral.
Em alguns casos, especialmente se houver suspeita de algo mais sério, exames de imagem podem ser necessários. A ressonância magnética (RM) permite visualizar as estruturas do cérebro com bastante detalhe e pode ajudar a identificar alterações que poderiam estar causando os problemas de memória, como lesões ou atrofia em certas áreas.
Já os testes neuropsicológicos são avaliações mais aprofundadas realizadas por neuropsicólogos. Eles aplicam uma série de exercícios e perguntas para avaliar diferentes áreas da função cognitiva, incluindo memória, atenção, linguagem, raciocínio e funções executivas. Esses testes ajudam a identificar padrões específicos de dificuldade que podem indicar a causa dos problemas de memória.
Núcleo de Memória do Alta Diagnósticos
O Alta Diagnósticos oferece um serviço especializado de avaliação de memória, reunindo neurologistas, psiquiatras e geriatras para um diagnóstico integrado. Com protocolos que incluem ressonância magnética de alta resolução e testes cognitivos padronizados, o núcleo busca diferenciar lapsos benignos de casos que requerem intervenção precoce.
Um núcleo especializado pode fazer toda a diferença, principalmente em casos mais complexos, pois permite uma investigação mais aprofundada e um diagnóstico mais rápido e preciso, facilitando o início do tratamento adequado.
Fonte: Dr. Diogo Haddad – Neurologista