H. pylori: entenda como essa bactéria pode afetar o estômago 

H. pylori: entenda como essa bactéria pode afetar o estômago 

A H. pylori é uma bactéria que tem alta prevalência no mundo todo: algumas publicações estimam que, globalmente, cerca de 40% pessoas tenham infecção por esse microrganismo. No Brasil, esse número pode chegar a 60%. Muitas vezes, a H. pylori se instala de forma silenciosa e fica anos sem provocar sintomas evidentes; mas, quando se manifesta, os sintomas trazem desconforto persistente e pode até evoluir para quadros mais sérios se a infecção não for tratada adequadamente.  

O que é H. pylori?

A Helicobacter pylori, conhecida como H. pylori, é uma bactéria que costuma se instalar no estômago humano. Ela é uma das principais causas de gastrite e úlcera péptica e câncer gástrico no mundo todo.  

Como falamos, estima-se que 65% da população brasileira esteja infectada pela bactéria, e até 40% da população global pode estar convivendo com a H. pylori. Apesar de sua ampla disseminação, nem todas as pessoas desenvolvem sintomas ou complicações. 

Bactéria H. pylori: como age no organismo?

Ao se instalar no estômago, a H. pylori consegue sobreviver à acidez do ambiente gástrico graças à produção de uma enzima chama urease que neutraliza o ácido estomacal. Essa ação permite que a bactéria se fixe, sem penetrar, na parede do estômago, iniciando um processo inflamatório que provoca gastrite e outros danos à mucosa gástrica. 

Com o tempo, a presença constante da bactéria e da inflamação pode comprometer o revestimento estomacal, facilitando o aparecimento de úlceras e até de câncer no estômago. 

O que causa H. pylori? Fatores de risco

A hipótese mais provável é que a infecção aconteça por meio de contato direto com fluidos da pessoa infectada (como saliva, fezes e vômito). Outra hipótese é que o contato com a bactéria ocorra por meio de água e alimentos contaminados e que não foram bem lavados. Por isso, viver em locais sem saneamento básico e acesso à água potável também é um fator de risco para contrair a bactéria. 

Também é comum que a contaminação ocorra entre pessoas que vivem com muitas pessoas na mesma casa – se uma delas estiver infectada, o risco de ser infectado é maior. Também é bastante comum que a infecção ocorra durante a infância. 

H. pylori sintomas: como identificar a infecção?

Muitas pessoas convivem com a H. pylori e não sabem pois ela nem sempre causa sintomas e pode permanecer assim por muitos anos. No entanto, com o passar do tempo e a degradação da mucosa gástrica, os sintomas começam a surgir. Os mais comuns são: 

  • Dor ou queimação no estômago, especialmente em jejum; 
  • Dor intestinal; 
  • Sensação de estômago cheio logo após comer 
  • Náuseas frequentes e vômitos; 
  • Arrotos excessivos; 
  • Inchaço abdominal. 

H. pylori é grave? Complicações possíveis

Nem toda infecção por H. pylori evolui para quadros graves. Mas os médicos já sabem que a bactéria está diretamente ligada a doenças como: 

  • Gastrite crônica; 
  • Úlcera péptica e duodenal; 
  • Câncer gástrico. 

Além disso, a presença da bactéria pode levar a quadros extra gástricos como anemia, já que a destruição da mucosa gástrica pode levar a sangramentos (e a perda de sangue prejudica o estoque de ferro do organismo); ou ainda prejudicar a absorção de nutrientes essenciais para o metabolismo do ferro no corpo.  

H. pylori como pega? Transmissão e prevenção

Como dissemos acima, a principal forma de contágio da H. pylori é por meio do contato direto com fluidos de pessoas infectadas ou por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados. Nesse sentido, algumas medidas podem ajudar na prevenção: 

  • Lavar bem as mãos antes das refeições e após usar o banheiro; 
  • Consumir apenas água filtrada ou fervida; 
  • Higienizar frutas, verduras e utensílios de cozinha; 
  • Evitar compartilhar talheres, copos e escovas de dentes. 

Outra medida importante, principalmente se existe história familiar de úlcera, sangramento digestivo ou câncer gástrico, é a realização de exames de rotina, já que a infecção por H. pylori pode ser detectada precocemente (ou seja, mesmo assintomática) durante o check-up médico e tratada antes que comece a dar sinais ou causar complicações. 

H. pylori tem cura? Perspectivas de recuperação

Sim, a infecção por H. pylori tem cura. O tratamento é feito com antibióticos associados a medicamentos que reduzem a acidez do estômago para ajudar na recuperação da mucosa. É importante usar a medicação pelo tempo exato que o médico recomendou para evitar a resistência dos microrganismos. 

Quando o esquema é seguido corretamente, as chances de cura são muito boas, acima dos 80%. Em alguns casos, no entanto, pode ser necessária uma segunda rodada de antibiótico (de outro tipo) para controlar a infecção.  

H. pylori tratamento: diagnósticos, exames e cuidados

O diagnóstico da infecção por H. pylori pode ser feito por diferentes métodos. Entre os principais exames solicitados estão: 

  • Teste respiratório de ureia, para avaliar a presença da substância no estômago (já que a H. pylori produz ureia); 
  • Exame de sangue (sorologia) para avaliar a presença de anticorpos que combatem a bactéria no organismo; 
  • Exame de fezes para busca de antígenos produzidos pela bactéria; 
  • Endoscopia digestiva alta com biópsia gástrica, para avaliar uma amostra de tecido do estômago e confirmar a presença do microrganismo. 

Depois do tratamento, é importante realizar um novo teste, após um intervalo de no mínimo 30 dias, para confirmar a eliminação da bactéria. 

Qual médico procurar para H. pylori?

O profissional mais indicado para diagnosticar e tratar a infecção por H. pylori é o médico gastroenterologista. Este profissional é especialista no sistema gastrointestinal e pode solicitar os exames adequados, interpretar os resultados de forma objetiva e indicar o melhor tratamento para cada caso. 

Fonte: Dr. Decio Chinzon – Gastroenterologista