Gravidez anembrionada: sintomas, riscos e tratamentos
A gravidez anembrionada é uma condição em que o corpo se prepara para a chegada de um bebê, mas o embrião, infelizmente, não se desenvolve. Saber que o corpo estava pronto para uma vida que não progrediu é notícia muito difícil de receber.
A situação, embora dolorosa, não é rara. Segundo a National Library Medicine, embora seja difícil de estabelecer definitivamente, a gravidez anembrionada possivelmente represente metade de todos os abortos espontâneos no primeiro trimestre da gravidez.
Por isso, faz diferença entender o que acontece, quais são os próximos passos e como cuidar de si nesse momento.
O que é gravidez anembrionada?
A gravidez anembrionada é uma gestação em que um saco gestacional se forma e se desenvolve dentro do útero, mas aparentemente não há embrião dentro dele.
Ou seja, o óvulo é fertilizado e se implanta na parede do útero, mas por alguma razão, o embrião não se desenvolve ou tem seu desenvolvimento interrompido em estágios iniciais.
O corpo da mulher continua a produzir os hormônios típicos da gravidez. E, por isso, ela pode sentir todos os sintomas comuns do início da gravidez. Isso inclui atraso menstrual, náuseas e cansaço, e o teste de gravidez dá positivo.
A condição é considerada uma forma de abortamento espontâneo precoce. E uma das causas frequentes de perdas gestacionais antes das 12 semanas.
O que causa a gravidez anembrionada?
A principal causa da gravidez anembrionada são anomalias cromossômicas. São falhas no material genético que o óvulo, o espermatozoide ou embrião podem apresentar. E, em geral, surgem por acaso.
A condição não é causada por algo que o casal fez ou deixou de fazer. É um erro na divisão celular ou na formação genética inicial do embrião. Uma falha que impede que o embrião se desenvolva adequadamente.
Sintomas da gravidez anembrionada
No começo, a gestante pode sentir os mesmos sintomas de uma gravidez normal. A menstruação atrasa e o teste de gravidez dá positivo. Ela pode ter náuseas e sentir muito cansaço. Mas a gravidez não progride como esperado.
Com o tempo, os sinais iniciais, como sensibilidade nos seios, podem sumir. E a mulher pode apresentar sangramento vaginal (leve ou intenso) e cólicas abdominais.
São sintomas parecidos com os de um aborto espontâneo. Por isso, o diagnóstico correto depende de exames específicos.
Quais são os riscos?
Se pensarmos na saúde física da mulher, o diagnóstico oportuno e bom acompanhamento ajudam a evitar complicações mais graves como hemorragias e infecções.
Mas, se formos falar de consequências, a principal, obviamente, seria a perda da gestação.
Embora seja uma situação natural do corpo, a experiência é muito difícil para o casal, especialmente para a mulher. O impacto emocional é real e não deve ser minimizado.
Mas vale esclarecer que uma gravidez anembrionada não significa infertilidade. Na grande maioria das vezes, trata-se de um evento isolado. A maioria das mulheres que passa por isso consegue ter uma gravidez saudável depois.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico da gravidez anembrionada acontece principalmente por meio do ultrassom transvaginal. Este exame permite que o médico visualize as estruturas do útero e confirme a presença ou ausência do embrião.
O ultrassom transvaginal chega a mostrar o saco gestacional, mas não o embrião dentro dele.
Esse saco gestacional precisa atingir um certo tamanho (por exemplo, 25 milímetros) sem que um embrião seja visível ou não haja visibilização embrionária após exames ultrassonográficos sucessivos, conforme intervalo de tempo determinado pelo médico.
O que acontece após o diagnóstico?
Depois do diagnóstico de gravidez anembrionada, o médico vai conversar sobre as opções terapêuticas. É um momento de acolhimento e de decisão compartilhada.
Quando existem condições clínicas que permitam, uma das possibilidades seria esperar o processo de interrupção naturalmente. Outra opção seria utilizar medicamentos ou procedimentos (aspiração ou curetagem) para remoção do tecido gestacional.
Em alguns casos, a única opção será o procedimento cirúrgico. Independentemente da escolha, compreensão e apoio emocional para a mulher e o casal são imprescindíveis.
Quanto tempo a mulher pode engravidar novamente após uma gravidez anembrionada?
Embora o American College of Obstetrics and Gynecology afirme que, fisicamente, já é possível ovular cerca de duas semanas após uma perda, deve ser conversado com o obstetra o momento da completa recuperação clínica.
Difícil aconselhar o melhor momento de tentar uma nova gestação, mas provavelmente será quando o casal se sentir bem nas esferas física, mental e emocional.
Fonte: Luiz Carlos Watanabe – Ginecologista e Obstetra especialista em Medicina Materno-Fetal