O exame de tireoide é fundamental para a saúde da glândula que comanda o metabolismo

O exame de tireoide é fundamental para a saúde da glândula que comanda o metabolismo

Cansaço frequente sem motivo aparente. Dificuldade para controlar o peso, seja para mais ou para menos. Alterações de humor ou no ciclo menstrual sem explicação. Muitas vezes, a origem desses e de outros sintomas comuns pode estar no funcionamento de uma pequena glândula no pescoço. E, para investigar essas suspeitas, os exames de tireoide são frequentemente o primeiro passo.

Quais são os principais exames de tireoide?

Quando o médico suspeita de alguma alteração na tireoide, ou mesmo para um check-up em certas situações, ele pode solicitar exames complementares, sendo que os mais comuns são: 

  • Exames de sangue para avaliar a função da tireoide, ou seja, se ela está produzindo hormônios na quantidade certa. Os mais comuns são as dosagens de TSH (hormônio tireoestimulante) e T4 livre (tiroxina livre). Em alguns casos, o T3 (triiodotironina) e os anticorpos tireoidianos (como anti-TPO, anti-Tg e TRAB) também são investigados. 
     
  • Exames de imagem para avaliar a estrutura e a anatomia da tireoide, verificando seu tamanho, formato e a presença de nódulos ou outras alterações. O mais utilizado é a ultrassonografia de tireoide. A cintilografia de tireoide também pode ser solicitada para avaliar o funcionamento da glândula e de nódulos. 

Caso um nódulo suspeito seja encontrado no ultrassom, a PAAF (Punção Aspirativa por Agulha Fina) pode ser indicada. No procedimento, o profissional de saúde retira uma pequena amostra de células do nódulo com uma agulha fina para análise em laboratório, verificando que tipo de nódulo é. Nem sempre é possível obtermos um resultado definitivo (isso ocorre em cerca de 30% dos casos), mas a ideia é saber a natureza do nódulo, se benigno ou maligno.

A seguir, traremos detalhes sobre os exames mencionados.

Exame de sangue para tireoide

Geralmente, os exames de sangue medem os níveis dos hormônios relacionados à tireoide que estão circulando no seu corpo. Dentre eles, os principais são: 

  • TSH (Hormônio Tireoestimulante ou Tirotrofina): é, muitas vezes, o primeiro exame solicitado e um dos mais importantes. Curiosamente, o TSH não é produzido pela tireoide, mas sim pela hipófise, uma glândula localizada no cérebro. Ele funciona como um “mensageiro” que diz para a tireoide trabalhar mais ou menos. 
     

Em geral, quando o TSH está alto, significa que a tireoide está produzindo poucos hormônios (hipotireoidismo), e a hipófise aumenta o TSH para tentar estimulá-la. Já se o TSH está baixo, pode ser um sinal de que a tireoide está produzindo hormônios em excesso (hipertireoidismo), e a hipófise reduz o TSH para tentar freá-la. 
 

  • T4 livre (tiroxina livre): o T4 é o principal hormônio produzido pela tireoide. A forma “livre” é a forma biologicamente ativa do hormônio, disponível para agir nos tecidos do corpo. Se o T4 livre está baixo (e o TSH alto), isso é indicativo de hipotireoidismo. Se o estiver alto (e o TSH baixo), isso é indicativo de o hipertireoidismo. 
     
  • T3 total ou livre (Triiodotironina): o T3 é outro hormônio tireoidiano e grande parte dele é formado pela conversão do T4 nos tecidos periféricos. Sua dosagem é geralmente solicitada em situações mais específicas, como na suspeita de hipertireoidismo ou em situações com T4 livre normal, mas sintomas clínicos sugestivos de hipertireoidismo.  
     
    O T3 livre é geralmente mais útil para a avaliação da função tireoidiana, já que reflete a quantidade de T3 disponível para os tecidos. O T3 total pode ser influenciado por proteínas que se ligam à T3. 

Anticorpos tireoidianos: estes exames ajudam a identificar doenças autoimunes da tireoide, onde o próprio sistema de defesa do corpo ataca a glândula. Os principais são o Anti-TPO (anticorpo antitireoperoxidase); presente na maioria dos casos de Tireoidite de Hashimoto (causa comum de hipotireoidismo) e também pode estar elevado na Doença de Graves (causa comum de hipertireoidismo) e o Anti-Tg (anticorpo antitireoglobulina), que também pode estar elevado na Tireoidite de Hashimoto. 
 
Além disso, a tireoglobulina e o anti-Tg podem ser usados para monitorar pacientes tratados por câncer de tireoide diferenciado. E o TRAb (anticorpo antireceptor de TSH) é o principal marcador da Doença de Graves, ajudando a confirmar o diagnóstico e monitorar a atividade da doença. 

É importante notar que, embora os exames de sangue possam levantar suspeitas ou acompanhar certos tipos de câncer de tireoide, nenhum exame de sangue isolado “detecta” ou diagnostica definitivamente a maioria dos cânceres de tireoide. O diagnóstico de nódulos suspeitos geralmente requer exames de imagem e, se necessário, punção.

Ultrassom de tireoide

Enquanto os exames de sangue nos contam sobre a função da tireoide, o ultrassom (ou ultrassonografia) de tireoide nos mostra a estrutura e a aparência da glândula. Trata-se de um exame indolor, não invasivo, que não utiliza radiação ionizante e fornece imagens em tempo real. O ultrassom de tireoide é muito útil para: 

  • Avaliar o tamanho e o formato da glândula tireoide, e identificar se há um bócio (aumento da tireoide). 
  • Detectar a presença de nódulos tireoidianos, que são muito comuns e, na maioria das vezes, benignos. 
  • Caracterizar os nódulos encontrados: o ultrassom analisa o tamanho do nódulo, se ele é sólido, cístico (com líquido) ou misto, como são suas bordas (regulares ou irregulares), se há presença de microcalcificações, e como é sua vascularização (com o uso do Doppler). Essas características ajudam o médico a estratificar o risco de malignidade do nódulo. 
  • Avaliar linfonodos (gânglios) no pescoço, próximos à tireoide. 
  • Guiar o procedimento de Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF), caso um nódulo precise ser investigado mais a fundo. 

Não é um exame de rotina para verificar se a tireoide está funcionando bem (para isso servem os exames de sangue), mas sim quando há suspeita de alterações estruturais, como um nódulo percebido na palpação do pescoço, ou para acompanhamento de nódulos já conhecidos. 

Ressonância Magnética de tireoide

A ressonância magnética (RM) e a tomografia computadorizada (TC) não são exames de rotina para a investigação inicial da maioria dos problemas tireoidianos. Os exames de sangue e o ultrassom costumam ser suficientes. 

Portanto, a TC e a RM de tireoide costumam ser reservadas para situações muito específicas e menos frequentes, como a avaliação de grandes bócios (que podem estar se estendendo para a região do tórax) e a investigação da relação da tireoide ou de nódulos grandes com estruturas vizinhas no pescoço.

Quando fazer exames de tireoide?

A decisão de quando realizar os exames de tireoide deve ser baseada na avaliação médica. E algumas situações e sintomas podem levar o médico a solicitá-los, como, por exemplo: 

  • Sintomas de hipotireoidismo (tireoide funcionando pouco): cansaço excessivo, sonolência, ganho de peso inexplicado ou dificuldade para emagrecer, pele seca, queda de cabelo, unhas fracas, intestino preso, sensação de frio constante, irregularidade menstrual, humor deprimido, dificuldade de concentração. 
  • Sintomas de hipertireoidismo (tireoide funcionando demais): perda de peso apesar do aumento do apetite, agitação, nervosismo, insônia, coração acelerado (palpitações), tremores, sudorese excessiva, intolerância ao calor, diarreia, fraqueza muscular, olhos saltados (em alguns casos, como na doença de graves). 
  • Histórico familiar de doenças da tireoide: se pais, irmãos ou outros parentes próximos têm ou tiveram problemas na tireoide, o risco pode ser maior. 
  • Presença de bócio: aumento visível ou palpável da tireoide no pescoço. 
  • Identificação de nódulo(s) na tireoide: seja pela palpação do médico ou do próprio paciente, ou como achado em algum outro exame de imagem do pescoço. 
  • Mulheres durante a gravidez ou que estão planejando engravidar: a função tireoidiana adequada é crucial para a saúde da mãe e o desenvolvimento do bebê. 
  • Recém-nascidos: o teste do pezinho inclui a triagem para hipotireoidismo congênito. 
  • Crianças com alterações no crescimento ou desenvolvimento
  • Pessoas com certas condições médicas, como diabetes tipo 1, doença celíaca ou outras doenças autoimunes, podem ter maior risco de desenvolver problemas na tireoide. 
  • Uso de alguns medicamentos: como amiodarona ou lítio, que podem afetar a função da tireoide. 
  • Acompanhamento de tratamento: para quem já tem diagnóstico de alguma doença tireoidiana e está em tratamento, os exames são feitos periodicamente para ajustar a medicação. 

O rastreamento universal com TSH em adultos assintomáticos é um tema debatido entre especialistas, mas muitos médicos o solicitam em check-ups de rotina, especialmente em mulheres a partir de 35 ou 40 anos (conforme a diretriz seguida) ou em pacientes com fatores de risco. 

Qual médico procurar?

Em casos de sintomas que sugerem um problema na tireoide, ou dúvidas sobre a necessidade de fazer os exames, o médico endocrinologista deve ser consultado. Ele é o especialista no diagnóstico e tratamento de doenças das glândulas endócrinas, incluindo a tireoide, e das alterações hormonais.

O clínico geral ou o médico de família também podem solicitar os exames iniciais de sangue (como o TSH e o T4 livre) e, se encontrarem alguma alteração, encaminhar o paciente para o endocrinologista.  
Se houver a necessidade de punção ou cirurgia, o endocrinologista pode trabalhar em conjunto com outros especialistas, como o cirurgião de cabeça e pescoço ou o radiologista intervencionista (para a PAAF). 

Núcleo de Tireoide Alta Diagnósticos

O Núcleo de Tireoide do Alta Diagnósticos é um serviço especializado voltado para o diagnóstico e acompanhamento de alterações na tireoide. Ele disponibiliza exames de imagem avançados, como a ultrassonografia com Doppler colorido, e realiza procedimentos como a Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) guiada por ultrassom. 
Com tecnologia avançada e profissionais altamente capacitados, oferece um diagnóstico preciso e integrado, auxiliando na definição da melhor conduta para cada paciente com problemas tireoidianos.

Fonte: Dra. Cristina Chammas – Radiologista