Câncer de próstata: doença é um dos tipos mais comuns em homens

Câncer de próstata: doença é um dos tipos mais comuns em homens

O câncer de próstata ocorre quando há uma multiplicação desordenada das células dessa glândula. Muitas vezes, a doença é assintomática e detectada em exames de rotina. No Brasil, estima-se que sejam diagnosticados cerca de 72 mil novos casos de câncer de próstata anualmente. Continue a leitura para saber as causas do problema, a importância do diagnóstico precoce e formas de tratamento.

O que é câncer de próstata?

O câncer de próstata é um dos tipos mais comuns de câncer entre os homens, afetando a glândula que fica localizada logo abaixo da bexiga. Entre as suas principais funções estão produzir o líquido seminal, que protege e nutre os espermatozoides.

Esse tipo de câncer geralmente evolui lentamente, e muitos homens podem viver com a doença sem desenvolver sintomas graves.

No entanto, em casos mais agressivos, pode se espalhar para outras partes do corpo, como ossos e linfonodos, tornando o tratamento mais complexo.

O que causa câncer de próstata?

A doença acontece quando há uma multiplicação desordenada das células da próstata. As causas exatas do câncer de próstata ainda não são completamente compreendidas, mas diversos fatores de risco estão associados ao desenvolvimento da doença.

Fatores de risco que não é possível prevenir:

  • Idade: o câncer de próstata é mais comum em homens acima dos 50 anos.
  • Histórico familiar: homens com parentes próximos que tiveram câncer de próstata possuem maior risco de ter a doença.
  • Raça: negros e afrodescendentes correm mais risco pelo fator genético e tendem a desenvolver tumores mais agressivos.

Fatores de risco que é possível prevenir:

  • Estilo de vida: dieta rica em gorduras, sedentarismo, tabagismo e obesidade aumentam as chances de desenvolver o câncer.
  • Equilíbrio hormonal: em casos específicos, como em homens com hiperplasia benigna da próstata ou histórico de câncer de próstata, o controle dos níveis de testosterona pode ajudar a reduzir o risco de crescimento anormal da glândula. Isso é feito através de terapias hormonais que diminuem a produção ou bloqueiam a ação da testosterona, retardando a progressão do câncer ou diminuindo o tamanho da próstata em condições benignas.

Quais são os primeiros sintomas de câncer de próstata?

Os primeiros sintomas do câncer de próstata podem ser sutis ou até inexistentes nos estágios iniciais. No entanto, à medida que o tumor cresce, podem surgir os seguintes sinais:

  • Dificuldade para urinar.
  • Fluxo urinário fraco ou interrompido.
  • Necessidade frequente de urinar, especialmente à noite (noctúria).
  • Sensação de que a bexiga não esvazia completamente.
  • Sangue na urina ou no sêmen.
  • Dor ou desconforto ao urinar.

Sintomas de câncer de próstata avançado

No estágio avançado do câncer de próstata, os sintomas tendem a ser mais severos e indicam que a doença pode ter se espalhado para outras partes do corpo, como ossos e linfonodos.

Entre os principais sinais estão dores intensas nos ossos, nas costas, quadris e coxas, além de perda de peso inexplicável, fadiga extrema, incontinência urinária ou dificuldade severa para urinar.

Em alguns casos, pode haver inchaço nas pernas e pés, decorrente da disseminação para os linfonodos, ou insuficiência renal devido à obstrução das vias urinárias. Estes sintomas indicam tratamento imediato.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do câncer de próstata é realizado por meio de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. Homens acima de 50 anos, ou com histórico familiar da doença, devem incluir os exames de próstata em suas rotinas de saúde.

Veja abaixo os exames mais comuns que rastreiam o câncer de próstata.

Exame PSA

O exame PSA (Antígeno Prostático Específico) é um teste de sangue que mede os níveis dessa proteína no corpo. Quando a próstata está saudável, os níveis de PSA são geralmente baixos, mas quando há inflamação, aumento benigno da próstata ou câncer, os níveis podem se elevar.

No entanto, um nível elevado de PSA não indica necessariamente câncer, sendo necessário associá-lo a outros exames para um diagnóstico preciso.

Ultrassom da próstata

O ultrassom da próstata é um exame de imagem utilizado para visualizar a glândula de forma detalhada. Pode identificar irregularidades na forma ou no tamanho da próstata e é frequentemente indicado em conjunto com outros métodos, como a biópsia, para confirmar a presença de câncer.

É um procedimento rápido e minimamente invasivo, que oferece informações importantes para o diagnóstico.

Exame de toque retal

Este exame de próstata é um procedimento simples e eficaz, no qual o médico examina a próstata por meio do reto para verificar a presença de nódulos, endurecimento ou outras anormalidades.

Trata-se de um método fundamental para a detecção precoce do câncer de próstata e deve ser feito regularmente por homens a partir dos 50 anos, ou antes, em casos de risco elevado.

Biópsia

Após a detecção de anormalidades nos exames de rastreamento, o urologista pode recomendar a realização de uma biópsia da próstata para confirmar o diagnóstico.

Esse procedimento envolve a remoção de uma amostra de tecido da glândula, feita sob anestesia, utilizando uma agulha. A amostra coletada é enviada para análise laboratorial.

Caso o resultado venha positivo, é possível avaliar fatores de agressividade do câncer de próstata, o que ajuda a determinar a melhor abordagem de tratamento a ser adotada e o prognóstico.

Outros exames de imagens

Alguns exames de imagem são essenciais para avaliar a extensão da doença e determinar a melhor abordagem de tratamento. A ressonância magnéticapermite uma visualização detalhada da próstata e dos tecidos ao redor, sendo utilizada tanto para detectar o câncer quanto para orientar biópsias em áreas suspeitas e monitorar a progressão da doença.

Já a tomografia computadorizada é indicada em estágios mais avançados, ajudando a identificar se o câncer se espalhou para linfonodos, ossos ou outros órgãos.

Quando há suspeita de metástase óssea, a cintilografia óssea é realizada para detectar alterações nos ossos, comum em estágios mais avançados do câncer de próstata.

Outro exame avançado é o PET-CT, que combina PET e tomografia para identificar com precisão células cancerosas em todo o corpo, incluindo possíveis metástases.

Estágios do câncer de próstata

O câncer de próstata é classificado em estágios que indicam o tamanho do tumor, sua extensão e se ele se espalhou para outras áreas do corpo. Dessa forma, define-se o tratamento mais adequado. Abaixo, veja detalhes do estadiamento (localização e a extensão) do câncer de próstata:

  • Estádios I e II:  a doença está restrita à próstata e não invade outros órgãos.
  • Estádios III e IVA: o tumor infiltra os tecidos ao redor da próstata, como vesícula seminal, reto, bexiga ou atinge os linfonodos pélvicos.
  • Estádio IVB: quando o câncer atinge os ossos ou outros órgãos (metástase).

Qual é a importância do diagnóstico precoce?

O diagnóstico precoce do câncer de próstata é fundamental já que aumenta as chances de cura e possibilita tratamentos menos agressivos.

Quando detectado nos estágios iniciais, enquanto ainda está localizado na próstata, o tratamento tem maior eficácia e pode prevenir complicações mais graves.

Além disso, identificar o câncer antes que ele se espalhe para outras áreas, como ossos e linfonodos, evita que a doença se torne mais difícil de tratar e impacte a qualidade de vida do homem.

Portanto, exames preventivos, como o PSA e o toque retal, são essenciais para detectar o câncer antes do aparecimento de sintomas mais graves.

Câncer de próstata tem cura?

Sim. O câncer de próstata tem cura, principalmente quando diagnosticado em estágios iniciais. Quando a doença é detectada precocemente, as opções de tratamento são mais eficazes, como cirurgia para remoção da glândula (prostatectomia) e radioterapia.

Nesses casos, o tratamento pode eliminar o câncer, permitindo que o paciente tenha uma boa qualidade de vida a longo prazo, com poucas complicações.

No entanto, em estágios mais avançados, quando o câncer já se espalhou para outras partes do corpo, a cura completa se torna mais difícil, mas ainda assim é possível controlar a doença.

Como é feito o tratamento?

O tratamento do câncer de próstata varia conforme o estágio da doença e o estado geral de saúde do homem. Veja detalhes abaixo:

  • Cirurgia: remoção total ou parcial da próstata, indicada em casos localizados.
  • Radioterapia: uso de radiação para destruir células cancerosas, podendo ser externa ou interna (braquiterapia).
  • Terapia hormonal: redução dos níveis de hormônios masculinos para retardar o crescimento do tumor.
  • Quimioterapia: uso de medicamentos para atacar células cancerosas, geralmente em casos mais avançados.
  • Imunoterapia: estimulação do sistema imunológico para combater o câncer, usada em casos específicos. 

É possível prevenir o câncer de próstata?

A prevenção do câncer de próstata envolve principalmente fatores de estilo de vida, como manter uma dieta saudável, praticar exercícios físicos regularmente, evitar o consumo excessivo de álcool e não fumar, o que ajuda a reduzir o risco.

Uma alimentação equilibrada é fundamental, priorizando uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e grãos integrais, enquanto se reduz a ingestão de gorduras.

A prática regular de exercícios físicos é essencial para melhorar a saúde em geral, já que um corpo saudável tem menor probabilidade de apresentar alterações celulares que podem levar ao câncer, além de ajudar no controle do peso.

A obesidade, sendo uma condição multifatorial, deve ser abordada com orientação profissional, pois o excesso de peso é um fator de risco conhecido para o câncer.

Já o consumo excessivo de álcool e o tabagismo podem danificar o DNA e suas proteínas, aumentando as chances de desenvolvimento da doença.

Além disso, realizar consultas médicas regulares com um urologista e os exames solicitados por ele pode facilitar a detecção precoce, aumentando a chance de cura.

Por outro lado, há fatores de risco que não é possível prevenir, como a idade avançada, histórico familiar de câncer de próstata e etnia (homens negros têm maior risco), pois estão relacionados a aspectos genéticos e biológicos fora do nosso controle.

Fonte: Dr. Paulo Afonso, urologista