Anticoncepcional para quem amamenta: qual é indicado?

Anticoncepcional para quem amamenta: qual é indicado?

É natural e esperado: nos primeiros meses após o parto, a atenção da mãe se volta para o bebê. Mas há algo que não pode ser esquecido: a fertilidade retorna. E, sim, há anticoncepcional para quem amamenta. Na verdade, são muitas as opções.

Saiba que a amamentação pode até adiar a ovulação, mas não funciona como um método contraceptivo garantido para a maioria das pessoas. Para se proteger de forma eficaz, é preciso conhecer as melhores opções compatíveis com essa fase.

Como é o retorno à fertilidade após o parto?

A volta da ovulação não tem data certa para acontecer, variando muito de mulher para mulher. Muitas mulheres acreditam que amamentar impede uma nova gravidez, mas não é bem assim. 

A amamentação exclusiva e em livre demanda pode, sim, inibir a ovulação. Esse método é conhecido como amenorreia lactacional (LAM). Mas, para que ele funcione, são necessárias condições bem específicas.  

Por exemplo, o bebê deve ter menos de seis meses e a menstruação não pode ter retornado. Segundo o Ministério da Saúde, a eficácia do LAM diminui muito se qualquer um dos critérios falhar. Por isso, não é recomendado confiar apenas nele. 

Como escolher método contraceptivo ideal?

A escolha do método ideal deve ser feita em uma conversa entre a mãe e seu médico. De forma bem simples, a melhor opção será aquela que se adapta à rotina, saúde e planos da paciente. Sendo assim, o ginecologista vai avaliar o histórico clínico dela, além de considerar o tempo de pós-parto. 

Dois fatores também devem ser levados em conta: conforto e praticidade. Alguns métodos exigem disciplina diária, como a pílula. Outros são de longa duração, como o DIU e o implante. Eles podem ser mais práticos para quem tem uma rotina agitada.  

Qual é o melhor anticoncepcional para quem amamenta? 

O melhor método é aquele que é seguro e eficaz. Para quem amamenta, são indicados os contraceptivos que não contêm o hormônio estrogênio. Isso porque ele pode afetar a produção e a qualidade do leite materno.  

Conheça a seguir as opções seguras para esse momento. 

Pílula

A pílula indicada é a que contém apenas progestagênio, popularmente conhecida como minipílula. Este hormônio isolado não interfere na amamentação.

Ela deve ser tomada todos os dias, sem pausa, e de preferência no mesmo horário. A disciplina é fundamental para garantir sua eficácia.

Implante subcutâneo

O implante é uma opção de longa duração. Trata-se de um pequeno bastão flexível inserido sob a pele do braço e que libera progestagênio de forma contínua e controlada.

A eficácia é altíssima e a duração pode chegar a três anos. Em julho de 2025, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação do implante ao SUS. A meta é que, ainda em 2025, até 500 mil mulheres coloquem o contraceptivo gratuitamente.

DIU

Existem dois tipos principais de DIU: o hormonal e o não hormonal (de cobre). Ambos são opções de longa duração. 

  • DIU hormonal: também chamado de sistema intrauterino (SIU), ele libera progestagênio diretamente no útero. Além de contraceptivo, pode reduzir cólicas e o fluxo menstrual.
  • DIU de cobre: é uma opção livre de hormônios. O cobre atua dificultando a fecundação. É uma boa alternativa para quem tem restrições ou não deseja usar hormônios. 

A conversa com médico vai esclarecer qual tipo é mais indicado para o seu caso.

Diafragma

O diafragma é um método de barreira sem hormônios. Trata-se de um anel flexível com uma membrana de silicone ou látex que a mulher insere no fundo da vagina antes da relação sexual. E ele impede a entrada dos espermatozoides no útero.

Segundo o Manual de Anticoncepção da FEBRASGO, é essencial esperar cerca de seis semanas após o parto para usá-lo. Além disso, é preciso fazer uma nova medição com o ginecologista, pois o tamanho do colo do útero pode mudar.

Preservativo

O preservativo, masculino ou feminino, é um método de barreira acessível e eficaz. Ele não envolve hormônios e é totalmente seguro durante a amamentação.

Outra grande vantagem é que ele é o único método que também protege contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Pode ser usado sozinho ou combinado com outro contraceptivo.

Anticoncepcional injetável

A injeção contraceptiva também precisa ser a de progestagênio isolado. E, para quem amamenta, somente a injeção trimestral é indicada. Isso porque a mensal contém estrogênio em sua fórmula.  

A aplicação é intramuscular e garante proteção por três meses. 

Laqueadura

A cirurgia de laqueadura, ou ligadura de trompas, é um método contraceptivo permanente e definitivo. Por isso, a decisão deve ser muito bem pensada. A legislação brasileira estabelece critérios para sua realização, como idade mínima e número de filhos. Ela pode ser feita logo após o parto ou em outro momento. 

Métodos anticoncepcionais não indicados para quem amamenta

Qualquer método que contenha estrogênio não deve ser usado. Esse hormônio pode reduzir a quantidade de leite materno e também ir para o bebê através da amamentação.  

 A lista de métodos contraindicados inclui todas as opções abaixo, justamente por elas trazerem dois hormônios: estrogênio e progestagênio. 

  • Injeção mensal
  • Anel vaginal
  • Adesivo contraceptivo

Esses métodos só devem ser considerados após o fim do período de aleitamento materno.

Fonte: Dr. Heron Werner Jr. – Doutor e professor em ginecologia, obstetrícia e ultrassonografia